Por Beatrice Daudt Bandeira

 

Naturalmente, a República Popular da China apresenta maneiras próprias de ver o mundo. A propósito, enfrentando críticas até hoje. O chamado Império do Meio, apresentou sucesso em uma política externa pragmática, buscando aproveitar das circunstâncias para efetivar uma dinâmica dividida entre a competição e a cooperação.

 

Para sua própria prosperidade e rejuvenescimento (ou renascimento), por via do princípio da reciprocidade em suas relações com países parceiros, a China, se preocupou (e mantém-se preocupada) com sua própria segurança, prosperidade e cultura. Como apresentou Henry Kissinger em um dos seus principais escritos: "On China" (2011), o país ainda foi capaz de manter seu sistema político praticamente inalterado durante as últimas décadas. Afinal, esse é o "Sonho Chinês"! Slogan sinalizado por Xi Jinping.

 

As apostas atuais são de que o país continuará a intensificar sua presença na África, - as relações sino-angolanas é um dos vários exemplos que cabem ser citados em contexto de relações Pequim-África -, e na América Latina, o destaque é a relação cada vez mais intensificada com o Brasil.


Na verdade, a China vem se apresentando interessada em estreitar relações econômicas e comerciais com os países de língua portuguesa, o Fórum de Macau é um bom exemplo disso. Garantindo espaços para o investimento do país, sobretudo cumprir a promessa de aumento de seu poder e influência no mundo.
O país é responsável pelo investimento em projetos de infraestrutura, principalmente nas duas regiões mencionadas. O avanço da política externa chinesa, no entanto, esbarra em desafios em seu próprio território, incluindo alta desigualdade (principalmente entre áreas rurais e urbanas), desafios à sustentabilidade ambiental e sua renda per capita, dados demonstrados pelo Banco Mundial.


É indiscutível que a China vem apresentado participação diplomática ativa em Fóruns e Organismos Internacionais. Sua política assertiva ainda é característica e a procura de mercado para transcorrer sua produção é visível desde sua entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001. A questão é, até que ponto essa política externa, que resulta do próprio crescimento chinês e que alimenta o nacionalismo do país, contribui também para o desenvolvimento dos países chamados subdesenvolvidos, ou, como a própria China, em desenvolvimento?


De acordo com o Banco Mundial, a Angola continua a enfrentar desafios que poderiam ser minimizados a partir de políticas de desenvolvimento mais inclusivas. As críticas ainda costumam aparecer: condições precárias de trabalho e exploração de recursos de forma indevida por empresas chinesas em territórios no estrangeiro. O governo chinês vem sendo acusado de neocolonialismo.


Sabe-se que questões de desenvolvimento percorrem um caminho muito mais a fundo sobre temas que aqui não foram listados, como por exemplo, aparatos de coerção, questões econômicas, políticas e sociais. Mas o questionamento permanece: será que o significado das relações win–win entre China e seus parceiros no “Terceiro Mundo”, não perdeu o sentido literal da palavra? Se é que um dia existiu.